Elaboração: Franklin do Carmo Oliveira
A reportagem “A Tabela
do Tesouro”, publicada pela Revista Época Negócios (edição - 54), escrita por Carlos
Rydlewski, editor executivo da Época Negócios/Editora Globo e Clarice Couto, editora-assistente de Época Negócios,
aborda a mineração em terras brasileiras, um dos assuntos que mais causam
polêmicas nas mídias e redes sociais, especialmente quando se trata do meio
ambiente.
A busca por minerais em terras
brasileiras estão cada vez mais frequentes, principalmente quando se trata de
produtos de qualidade e quantidade, o que torna uma preocupação para os
profissionais da área ambiental. Alguns dos minerais recentemente encontrados
em cidades baianas são desconhecidos por boa parte da população brasileira, mas
sempre estiveram presentes na tabela periódica. É o caso do lantânio, neodímio,
európio e disprósio. O vanádio, outro mineral encontrado, existe em abundância
na cidade de Maracás, localizada no sul de Salvador, o interesse por esse
mineral é grande, por sua qualidade e preço. Com o uso do vanádio, pode-se
produzir um tipo especial de aço e alumínio mais leve e resistente que os
convencionais, podendo-se reconstruir áreas afetadas por desastres naturais e
até mesmo antrópicos, além do mais, o preço do vanádio dobrou entre os anos
2007 e 2008, o que torna o seu interesse ainda maior pelas indústrias
estrangeiras e países desenvolvidos.
Segundo Rydlewski e Couto, a mina
da Largo, na cidade de Barreiras, deve começar a operar em 2012 e a vala que
atualmente possui 30 metros de comprimento, com o início das atividades a
estimativa é que nos próximos 15 anos de extração do minério a vala passe a ter
400 (quatrocentos) metros de comprimento, o que se comparada com 12 campos de
futebol. Os mesmos autores ainda afirmam que os investimentos com a extração do
vanádio poderá chegar até U$$ 270 milhões de dólares na região, o que irá
beneficiar cerca de 1,2 mil trabalhadores. As
expectativas para o início da extração é grande, mas a degradação da área tende
a ser muito pior. Em Barreiras, outra cidade baiana, foi encontrado outro tipo
de mineral, o Tálio. A estimativa é que as reservas da cidade tenham até 60
(sessenta) toneladas. O uso desse mineral é bastante frenquente em motores de
automóveis e chips, além da grama do Tálio ter sido valorizado em 30% (trinta por
cento) em quatro anos. A previsão de exploração do mineral está para o ano de
2015.
A busca por terras
raras em cidades brasileiras é intensa, os principais minerais encontrados nas grandes
tecnologias do séc. 21 (smartphones, iPods, iPads, painéis solares, lâmpadas
LED e mísseis) são compostos por 17 (dezessetes) minerais não ferrosos, que
são: lantânio, neodímio, európio, disprósio, cério, praseodímio, promécio,
samário, gadolínio, térbio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio, ítrio e
lutécio. São minerais que não se houve falar diariamente no dia a dia. O
problema é que a extração desses produtos traz junto materiais radioativos, que
são totalmente nocivos à saúde dos trabalhadores e da população local tornando
essa atividade perigosa.
Os riscos parecem ser
incalculáveis, mais as empresas não parecem preocupadas com esse “detalhe”, é preciso
parar de pensar apenas no valor econômico e passar a se preocupar primeiramente
com os males que essas extrações podem causar ao meio ambiente como a degradação,
erosão, assoreamento e desertificação do solo, contaminação e desperdício da
água, poluição do ar, fauna e flora, como também à saúde da humana, problemas
respiratórios, contaminação por materiais radioativos e o desabamento da mina,
como ocorreu na China em 2008 deixando 11 (onze) funcionários feridos e 9
(nove) mortos. Antes de iniciar a extração, o órgão ambiental competente da
cidade, deve exigir principalmente um plano de recuperação de áreas degradadas,
exigindo da empresa responsável a recuperação das áreas afetadas pós término
das extrações.
O tempo de só pensar em
lucros já passou, não vale a pena explorar os recursos pensando apenas no valor
econômico, mesmo porque existe um termo chamado Triple bottom line (tripé da
sustentabilidade) onde estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e
sociais. A sustentabilidade deve ser inserida desde o início das atividades do
empreendimento, lembrando-se sempre do que diz o art.225 da Constituição
Federal de 1988, “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá -
lo para as presentes e futuras gerações.” e também do conceito do
desenvolvimento sustentável usado pela primeira vez no Relatório Brundtland, “Desenvolvimento
que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as
futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.”