4 Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA) 2013 - Resíduos Sólidos.

Reuso da Casca do Coco Verde para a Fabricação de Briquetes

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02 maio 2012

Contextualizar a necessidade dessa tecnologia para Salvador-BA.
Porque ela é importante?
Qual a necessidade?
Como funciona a tecnologia?

MINI-ARTIGO
REUSO DA CASCA DO COCO VERDE PARA A FABRICAÇÃO DE BRIQUETES

Franklin do Carmo Oliveira
RESUMO
Salvador é uma cidade litorânea e turística, e devido a isso a água do coco verde é muita apreciada. As cascas do coco após o consumo de sua água muitas vezes são depositadas em locais inadequados, o que vem a ocasionar a proliferação de vetores, causando doenças à população.
O aproveitamento da casca do coco verde para intervir nos espaços que ocupam em aterros, evitando impactos ambientais e riscos a saúde, o que contribui na construção de um novo cenário ao reutilizar estes resíduos para outros fins, como a produção de briquetes.
O estado da Bahia é o maior produtor de coco verde do Brasil durante todo ano, obtendo a garantia desse recurso a sua disposição em seu beneficio, facilitando na forma de captar esses resíduos. Viabilizando atender uma demanda, que se torna viável pela grande quantidade do consumo.
Os produtos fabricados a partir da casca de coco verde ao invés de serem descartados são incentivos na preservação das florestas e suas espécies, alavancando a economia e trazendo o desenvolvimento ao um novo setor promovendo emprego e renda.

Palavras-chave: Casca do Coco Verde, Briquetes, Aproveitamento, Impactos.

INTRODUÇÃO
A preocupação com a quantidade de resíduos produzidos está em constante crescimento, com isso, tornou-se necessário reduzir a extração dos recursos naturais, tornando exequível à reutilização e reciclagem dos resíduos, impulsionando a geração de empregos e a diminuição poluição ambiental.
Salvador é uma cidade litorânea, onde sua população e turistas apreciam bastante a água de coco verde, mas este consumo ocasiona a geração de grande quantidade de resíduo: as cascas do coco verde, que são destinadas ao aterro sanitário.
O foco da pesquisa será as praias de Salvador, especificamente o trecho do Porto da Barra a Ondina, onde tem maior concentração de barracas que vedem coco verde in natura, o seu consumo é durante o ano inteiro, é o local da orla de Salvador onde gera maior impacto visual devido a disposição inadequada dos resíduos gerados e esse acondicionamento inadequado ocasiona a proliferação de vetores.
A melhor solução para o acondicionamento inadequado dos resíduos gerados após a venda do coco verde in natura é o seu aproveitamento para a produção de outros materiais. Essa tecnologia já vem sendo realizada nos estados do Pará, Ceará e Rio de Janeiro, onde é realizado o beneficiamento da casca do coco verde para a produção de briquetes, entre outros materiais, que são utilizados como lenha para a cocção dos alimentos.
Segundo Lora (2002), o aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia por meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como combustível não incrementando o teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido durante a combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a fotossíntese.

IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO INADEQUADA DAS CASAS DE COCO
Os principais impactos causados com a disposição do resíduo do coco verde:
·                    O grande espaço ocupado nos aterros: Todo o resíduo do coco verde que é gerado em Salvador, quando coletado, é disposto no aterro sanitário. Este tipo de resíduo leva de 08 a 12 anos para se decompor e, pela sua forma e composição ocupa grande espaço no aterro dado ao seu volume. A alternativa para aumentar a vida útil do aterro é o aproveitamento da casca do coco verde já que uma parte muito grande de resíduo não será disposta no aterro.
·                    A proliferação de vetores: Qualquer resíduo depositado de maneira imprópria, além de degradar, exala mau cheiro que põe em risco o meio ambiente e a saúde da população. O aglomerado de resíduos contribui a proliferação de vetores como: moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram nos resíduos alimentos, abrigo e condições adequadas para reprodução e consequentemente causam doenças nos seres humanos. O acondicionamento e coleta apropriada, e a reutilização das cascas de coco verde contribui para melhorar a saúde, pois reduz as doenças causadas pela proliferação destes vetores.
·                    A emissão de gases devido à decomposição do resíduo: Os resíduos do coco verde, como qualquer outro resíduo de origem orgânica, sofrem um processo de decomposição devido a ação de microorganismos. Durante este processo é produzido, entre outros gases, o metano e o dióxido de carbono. Estes são Gases do Efeito Estufa - GEE. Efeito estufa é o acréscimo constante da temperatura da terra devido à absorção da radiação infravermelha terrestre pelos GEE, tais como: CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), CFC’s (clorofluorcarbonos), dentre outros (LARA, 2002). O efeito estufa é responsável pela manutenção da temperatura do planeta, porém a quantidade excessiva de GEE devido às ações antrópicas tende a aprisionar os raios solares e a aumentar a temperatura da Terra e, como conseqüência, ocasiona o aquecimento global. Com isso, o aproveitamento da casca do coco verde irá reduzir as emissões dos GEE.
·                    O impacto visual: O acondicionamento inadequado dos resíduos ocasiona a poluição visual, devido a isso, as cascas provenientes da venda de água de coco “in natura” na orla de Salvador, contribuem para a poluição visual da cidade, devido a estes resíduos serem armazenados de forma incorreta ou jogados pela areia da praia. Como somente durante a noite é realizada a limpeza e a coleta na praia, a poluição visual permanece durante todo o dia, causando aversão aos turistas, esportistas e a população que frequentam as praias.

VANTAGENS DO USO DE BRIQUETES
            De acordo com os dados das empresas especializadas, as principais vantagens do uso de briquetes em relação a lenha são: produz menos fumaça, cinza e fuligem; menor custo; produto 100% reciclado e ecológico; formato geométrico que facilita o transporte, manipulação e armazenamento; redução do impacto, principalmente sobre as florestas nativas, para retirada da lenha; menor índice de poluição, pois se trata de um combustível renovável; não há necessidade de regulamentação ambiental pelos órgãos Federal, Estadual e Municipal; maior densidade; maior poder calorífico; 01 tonelada de briquete pode substituir aproximadamente 1,96 toneladas de lenha.

CONSUMO DOS BRIQUETES
         O mercado consumidor de briquetes é bem amplo, pois ele pode ser utilizado em residências, churrascarias, padarias, olarias, frigoríficos, pizzarias, lareiras, dentre outros.
     Segundo Silveira (2008), o município de Salvador concentra a maioria dos estabelecimentos sendo da atividade alimentícia a maior demanda de lenha. Salvador é o município com o maior consumo de lenha da Região Metropolitana de Salvador - RMS seguido por Camaçari onde as atividades industriais e alimentícias também são responsáveis pelo consumo de lenha desta cidade.
        A utilização das cascas de coco verde geradas na orla de Salvador para produzir briquetes deve atender a um mercado de consumidores diversificados e amplos, em toda a RMS e nos municípios vizinhos. O uso deste produto deveria ser incentivado pelo IMA – Instituto do Meio Ambiente, em empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental, podendo implicar em alguns benefícios para o empreendedor como: redução da taxa de licenciamento, certificados de garantia ambiental e nos empreendimentos que não necessitam de licença ambiental o Poder Público poderia incentivar o uso dos briquetes, reduzindo alguns custos com impostos e diminuindo os juros dos empréstimos financeiros.

HISTÓRICO DA BRIQUETAGEM
            A técnica da briquetagem surgiu nos Estados Unidos em 1848, com uma patente concedida a William Easby para um método de conversão de carvão miúdo em torões sólidos, posteriormente foi disseminada por toda a Europa, sendo a tecnologia da Alemanha utilizada hoje no Brasil, por meio da fabricação, inicialmente em Santa Catarina, da briquetadeira da marca Biomax, adotada em várias empresas brasileiras na conversão da matéria-prima em Briquete (FIEC, 2003; KOMAREK, 2007).

DEFINIÇÃO
            A briquetagem é o processo de fabricação de briquete, que ocorre por meio da compactação de resíduo no qual é destruída a elasticidade natural das fibras do mesmo. Esta destruição pode ser realizada por dois processos: alta pressão e/ou alta temperatura. O processo provoca a “plastificação” da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas dos resíduos ligno celulosicos, uma razão muito importante da não necessidade de adicionar produtos aglomerantes (resinas, ceras, dentre outros). Para que esta aglomeração tenha sucesso, necessita da presença de uma quantidade de água, compreendida entre 8 a 15% de umidade, e que o tamanho da partícula esteja entre 5 a 10 mm (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007).
            Segundo Quirino (1991), a briquetagem é uma forma bastante eficiente para concentrar a energia disponível da biomassa, pois 1,0 m3 de briquetes contém de 2 a 5 vezes mais energia que 1,0 m3 de resíduos. Isso levando-se em consideração a densidade a granel e o poder calorífico médio desses matérias.
            O briquete pode ser utilizado como lenha, gerando calor ou vapor, como termoelétricas para produção e comercialização de energia elétrica e queimadores de partículas como ocorre na indústria de cerâmica vermelha, dentre outros. O trabalho aborda a utilização dos briquetes para substituir a lenha.

PROCESSO DA USINA DE BRIQUETAGEM
            Para iniciar o processo de implantação de uma usina de briquetagem, é necessário estudar a região onde se quer montar a usina, verificar a demanda de matéria-prima para abastecer a usina (se constante ou sazonal.) além de verificar o mercado consumidor do produto final (NACBRIQUETES, 2007).
            O processo de produção de biomassa para geração de briquetes, pela empresa Biomachine, acontece da seguinte maneira:
1 - Recebimento da matéria - prima
A matéria-prima é transportada do local onde foi gerada até a usina de briquetagem, onde ficará armazenada até a sua utilização.
2 – Triturador
A matéria-prima será triturada a fim de obter a granulométria de 05 a 10 mm, necessária para o processo de briquetagem.
3 – Secador
Esta etapa é importante para deixar a matéria-prima com a umidade de 3 a 15%, necessária para o processo de briquetagem.
Reduzir da umidade faz com que o briquete produzido tenha um alto poder calorífico e com isso, uma maior eficiência energética.
4 – Briquetagem
Após a secagem, a matéria-prima é transportada até a máquina briquetadeira, para a produção de briquetes.
5 – Embalagem
Depois de terminado o processo, o briquete será embalado em sacos de papelão ou sacos de ráfia.
6 – Estocagem para expedição
Os briquetes embalados deverão ficar armazenados sob pallets em uma área coberta até a venda.

CONCLUSÃO
            A tecnologia utilizada para a produção de briquetes proporciona a não geração do impacto ao meio ambiente, devido ao aproveitamento das cascas do coco verde que antes eram dispostos no aterro. A utilização dos briquetes para substituição da lenha fomenta a sua utilização, mesmo que sua queima é menos poluente e mais eficaz do que a queima da lenha, pois a produção de CO2 da combustão do briquete é compensada pela redução de corte das árvores, que consomem o CO2 no seu processo de fotossíntese.
            O beneficiamento da casca do coco para a produção de briquetes é uma proposta de solução para o impacto visual na orla da cidade do Salvador, minimização de proliferação de vetores no local onde é feito o acondicionamento das cascas, além da redução dos resíduos dispostos no aterro.

REFERÊNCIAS
LORA, Electo Eduardo Silva. Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial e de transporte. Editora interciência. 2 ed. Rio de janeiro, 2002. cap 5, 63-94p.

SANTOS. Fabiano Pereira dos. Meio Ambiente e Poluição. Jus navigandi. Teresina. Ano 08. nº 201. Jan 2004.
Disponível em: <http://www.ecolnews.com.br/artigo_01:htm-69k>
Acesso em: 18 Abr 2011.

SILVEIRA. Monica Silva. Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete em Salvador – BA. Ano 2008.
Disponível em:
<http://www.teclim.ufba.br/site/material_online/dissertacoes/dis_monica_silveira.pdf>Acesso em: 17 Abr 2011.
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Franklin Oliveira

Técnico em Meio Ambiente, Gestor Ambiental, Consultor Ambiental Autônomo, Auditor Interno de Sistema de Gestão Integrado nas normas ISO 9001:2008, ISO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007, atua na elaboração, implementação e acompanhamento de projetos e programas ambientais voltados à sustentabilidade, educação ambiental, impactos ambientais, gestão de riscos ambientais e gerenciamento de resíduos sólidos.

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